domingo, 14 de julho de 2013

Secularismo, finitude e a perda dos valores morais

É extremamente difícil falar sobre os assuntos desse blog. Mas não por causa do politicamente correto, não tenho o menor receito em tocar nesses assuntos, e sim por causa da ética secular. Segundo essa ética devemos fazer tudo antes de morrer. A vida está passando e a única certeza que as pessoas tem é de que elas vão morrer. Inevitavelmente.

Esse pensamento de finitude radical é a razão de todo relativismo moral. Quando uma pessoa usa este argumento ganha qualquer discussão. Por que ela vai evitar todos os prazeres e desejos da vida, se ela tem certeza absoluta de que vai morrer e tudo acabará? A vida dela segue uma lógica de aproveitamento, nenhuma moral pode impedir as pessoas de viverem a vida.

Querem um exemplo do ápice deste pensamento de finitude. Nietzsche. Ele é o autor desse pragmatismo radical que exalta todas as experiências hedonistas. Segundo ele não podemos negar nenhuma experiência prazerosa em prol de uma moral religiosa ou crença metafísica. O ser humano viveria conforme as próprias necessidades e paixões, ele praticamente seguiria fielmente tudo que os seus instintos promovessem.

Junto a ele temos o secularismo. Secularismo significa a fragmentação de tradições religiosas e a banalização das mesmas. Secularismo consiste na "mundanização da religião". Afirma-se o direito de ser livre do julgo e ensinamento religioso dentre o povo de um Estado. Uma das consequências do secularismo é o liberalismo, pois a ética não é mais norteada pelos valores espirituais da religião, mas sim pelos interesses egoístas e imediatos do ser humano. Ainda que o homem secular acredite em Deus, ele vive como se Ele não existisse. Portanto o homem secular é indiferente as consequências éticas da idéia de Deus.

Os religiosos também podem ser "seculares", em uma sociedade não existem diferenças consideráveis entre uma pessoa religiosa e outra não. Ambas fazem a mesma coisa, só que a pessoa religiosa frequenta o culto aos domingos. No secularismo o social e coletivo perdem a importância e as pretensões individuais ganham importância máxima! O poder e o prazer se tornam objetivos básicos da sociedade secular, e se busca prazer e poder em prol do próprio bem e não do bem coletivo.

Isso é inevitável, as leis jurídicas não educam uma sociedade nesse sentido. O que elas fazem é criar deveres e proibições que são insuficientes para produzir os efeitos de solidariedade social. O estado jamais fará a função da religião, por isso as éticas religiosas cumpriam bem o papel deixado pelas lacunas da lei jurídica. O secularismo acabou com as referências éticas da religião e deixou a sociedade órfão de boas referências. Isso significa que a educação se tornou um grande problema nas sociedades seculares.

Para a religião, se a natureza humana não for limitada de alguma forma, ela se destruirá. A religião não acredita no bom senso do ser humano. É justamente por isso que ela parece tão controladora, pois a liberdade secular supõe que os seres humanos sabem fazer bom uso de sua liberdade. Para os acadêmicos, toda a tradição ocidental é vista como opressora, então o secularismo seria aquilo que nos libertaria da opressão e tradição religiosa. Mas em nenhum momento foi discutido a importância da religião.

A idéia de uma sociedade autônoma, sendo limitada apelas pelo poder do Estado fracassou. A ética social está acima das leis jurídicas. Nenhuma lei jurídica pode ensinar o homem a ser fiel a sua esposa. Nenhuma lei jurídica ensina os filhos a obedecerem os pais, pelo contrário, ela pune os pais que tentam criar filhos obedientes. O alcance ético das leis jurídicas em sí é muito precário, por isso a religião tinha a função de fornecer referências fundamentais para o dia a dia.

Mas a  religião seria uma forma de censura que impediria as pessoas de curtirem sua vida finita da melhor maneira possível. E esse blog, seria tão chato quanto ela, pois estaria impedindo as pessoas de curtirem sua finitude. Não posso contradizer tudo que já escrevi apenas para agradar a ética secular. A sociedade de hoje perdeu o norte e tomou o excesso como parâmetro de felicidade. As pessoas buscam mais e mais e se esquecem que o excesso não tem limite. Uma hora a pessoa entra numa loucura e não consegue mais sair dela, quantos famosos se mataram nestes últimos anos? Uma coisa é aproveitar a vida, outra é criar uma ilusão de que o excesso e o imediatismo seriam o conceito de uma vida melhor aproveitada.

E você, também é uma pessoa Carpe Diem?


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